Nossas relações mais distantes são mais importantes para “furar a bolha” do que os amigos mais próximos
Entenda como uma tese sociológica pode te ajudar a criar estratégias de comunicação mais eficientes
CARTA DA SEMANA, por Ana Freitas
Tem algumas atividades cotidianas que eu só consigo executar se estiver ouvindo um podcast. Foi tentando fazer uma faxina bem feita que, há alguns anos, encontrei o Hidden Brain, que se tornou um dos meus podcasts preferidos. Um dos episódios acabou se tornando tema para essa edição do Persuasão.
Nela, falamos sobre o estudo "The strength of weak ties" ("A força dos ‘laços fracos’", em tradução livre), publicado em 1973 pelo sociólogo Mark Granovetter, da Universidade de Stanford. Esse paper, que se tornou um clássico na literatura científica de ciências sociais e já obteve mais de 70 mil citações em diferentes disciplinas, tem insights fundamentais pra explicar como diferentes categorias de relações sociais têm papel bem diferente na maneira como formamos opiniões, tomamos decisões e respondemos a chamados para ação - inclusive quando se trata de mobilização política.
Uma das principais descobertas do paper é que, quando observamos as dinâmicas de como uma ideia ou conceito novo se espalham, a resposta está não nos nossos contatos mais próximos, mas sim nas relações mais casuais e distantes - a quem normalmente chamamos de “conhecidos”. São esses círculos sociais que nos fazem conhecer e contemplar novas ideias e informações.
Claro, há também o papel das relações mais próximas nesse racional. Os conhecidos são os que nos expõem a novas ideias, enquanto os mais próximos são aqueles que, depois disso, podem nos levar a fazer algo mais a respeito - ou até mudar finalmente de opinião. Entender isso pode fazer a diferença entre uma estratégia de mobilização bem sucedida e uma que morra na praia.
UTILIZANDO A TESE NAS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
O estudo de Granovetter fornece pistas sobre como planejar caminhos estratégicos em campanhas de comunicação levando em conta justamente as diferenças comportamentais no fluxo de comunicação entre redes de amigos mais próximos, os laços fortes, e redes entre pessoas mais distantes, os laços fracos.
Dessa forma, é possível criar melhores estratégias que consideram não apenas o público-alvo, mas também as formas como esses indivíduos se relacionam com suas conexões e de que forma isso pode nos ajudar a alcançar nossos objetivos.
COLINHA
O que as descobertas desse paper nos indicam sobre o papel estratégico de cada rede social ou de uma campanha com influenciadores dentro de uma campanha maior de mobilização? É isso que exploramos, inclusive com dicas práticas e aplicáveis, na edição desta semana. Para acessar, é só clicar no botão abaixo!
PROJETO BRIEF INDICA “BRASIL PARALELO: QUEM FINANCIA A PRODUTORA QUE MILITA CONTRA O ABORTO”
Reportagem investigativa da Revista AzMina encontrou quem financia os conteúdos da Brasil Paralelo, grupo de mídia com o qual mensalmente esbarramos na iniciativa Quem Paga a Banda devido ao montante investido em anúncios pagos.
Para quem curte uma leitura mais extensa, indicamos a reportagem na íntegra!
VEM AÍ
No dia 4 de agosto, a Biblioteca de Anúncios da Meta fará 4 anos de existência. Nós, é claro, já estamos de olho nessa data para trazer algo histórico para vocês! O que será que vem por aí?
Nossa edição chegou ao fim, mas antes de me despedir, quero te fazer uma pergunta: qual foi a sua edição favorita da news até agora? Ah, e não esqueça de justificar sua resposta!
Um abraço,
Luana Lira, do Projeto Brief.