EXTRA: As principais estratégias da extrema-direita no caso Pix
Um olhar para a crise em torno das medidas anunciadas (e depois revogadas) pelo governo sobre movimentações bancárias via PIX acima de R$5 mil.
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Aqui no Projeto Brief, todas as nossas análises partem de um ponto em comum: dados. Nosso time de Inteligência monitora constantemente os temas mais relevantes no debate público, reunindo informações para oferecer insights valiosos que nos ajudam a entender repercussões, realizar análises e explorar caminhos narrativos para o campo progressista.
Nesta edição extra, compartilhamos com vocês o monitoramento realizado sobre o caso PIX, com dados exclusivos sobre a crise de comunicação do governo, o vídeo de Nikolas Ferreira, a resposta de Erika Hilton e a repercussão em torno do caso.
Confira!
Na última semana o tema “PIX” ganhou grande relevância e a grande mídia já nomeou o contexto de : “Crise do Pix”.
Fonte: O Globo
Em um monitoramento sobre o grupo de parlamentares de extrema direita, encontramos 206 publicações sobre a polêmica medida do governo envolvendo o PIX, que registraram 12.6 milhões de likes.
O grande nome da oposição foi Nikolas Ferreira. Ele se destaca nos trends do Twitter, ultrapassando 1.9 Milhões de citações na última semana
Fonte: Twitter Trending
Antes de abordar a estratégia dele, vamos analisar quais estavam sendo as táticas do campo conservador. Antes disso, a extrema-direita já estava dominando a narrativa, apostando em duas estratégias. A primeira: divulgar que o Pix seria taxado, o que ajuda a corroborar a tão disseminada imagem de que o governo tem aumentado a carga de impostos.
Outra tática conservadora: interpretar a medida como um desejo do governo de monitorar as transações dos brasileiros. A narrativa montada acusava Lula de hipocrisia por sancionar uma medida que atingia diretamente a privacidade e o sigilo da população, enquanto os gastos no cartão corporativo seguiam sob sigilo:
Destaque também para a ênfase que eles deram ao possível impacto que a medida teria para trabalhadores informais e microempreendedores:
Outra aposta foi já criar alarde em torno do DREX, a moeda digital do banco Central. Júlia Zanatta apostou muito nessa estratégia:
Importante reparar como os posts usam uma linguagem envolvente e alarmista, buscando despertar o pânico social. Outra tática foi usar vídeos de influenciadores de fora da política ou pessoas comuns, com o intuito de transmitir um quadro de insatisfação generalizada com as medidas, e não apenas um ataque da oposição.
Nikolas Ferreira
O reels do Nikolas já conta com cerca de 322 milhões de visualizações no Instagram e 8.6 milhões de curtidas, furando a bolha e sendo um grande sucesso de comunicação. Desde a postagem do vídeo, Nikolas ganhou cerca de 2.7 milhões de seguidores, um aumento de aproximadamente 20% da sua audiência nesta rede.
Fonte: Fanpage Karma
Grandes nomes da extrema direita também repostaram o vídeo e parabenizaram o deputado, aproveitando o hype:
O vídeo alavancou ainda mais a crise, o que o levou a ser apontado como o grande motivo para a revogação das medidas anunciadas pelo governo. Logo após o comunicado oficial do governo, Nikolas Ferreira apareceu de novo, atribuindo a mudança de planos ao poder popular e à atuação dele. O vídeo atingiu 130 milhões de views:
‼️👀 Michelle Bolsonaro compartilhou um post da Pleno News que aponta que o parlamentar ultrapassou o número de seguidores de Lula. A presidenta do PL Mulher celebra a conquista e defende o deputado, além de fazer chacota contra adversários dele.
O campo progressista, então, deu início à respostas aos vídeos de Nikolas Ferreira, com posts que resgatavam votos contrários a propostas que poderiam beneficiar os trabalhadores, que ele diz defender:
A decisão do governo foi muito criticada pelo campo progressista, que não gostou do fato da gestão ter cedido às pressões dos conservadores, entendendo como algo que fortalece o campo adversário e a figura de Nikolas Ferreira:
Também interpretaram que a ação ajuda a tirar a credibilidade do governo e endossa a narrativa da extrema direita de que se tratava de uma fake news.
A confusão foi inclusive usada pela extrema direita para reforçar a campanha pelo impeachment do presidente Lula, que ganhou um novo apelido: IMPIXment, como é possível ver em algumas hashtags. No dia 16/01, pela manhã, o assunto chegou a ficar em 7º lugar nos trends brasileiros do X:
No dia 15/01, um vídeo do Banco Central também dividiu opiniões. Para rebater as fake news e a confusão que estava acontecendo em torno das medidas, o perfil oficial da Instituição optou por fazer um vídeo explicativo com uma linguagem mais cômica e cheio de referências a memes:
O vídeo atingiu 4.9 milhões de visualizações. Nos comentários, uma parcela significativa do público repudiou o conteúdo. Apesar de não ser possível confirmar devido à presença massiva de perfis privados ou que não falam sobre política, nota-se que a maioria das críticas parecem ter sido feitas por conservadores:
Diversos influenciadores progressistas fizeram críticas ao conteúdo:
O campo conservador aproveitou também para criticar o órgão e o governo:
Vale destacar que esse tipo de conteúdo - mais informal e cheio de referências da internet - já estava sendo explorado há algum tempo pelo órgão, dividindo opiniões. Alguns estão recheados de elogios, mas já havia uma parcela expressiva do público que cobrava seriedade da página.
Diante dos últimos acontecimentos, especialistas em comunicação e influenciadores progressistas reforçam a necessidade do governo adotar outras táticas de comunicação e sair de uma posição reativa, controlando a narrativa e pautando os assuntos.
O campo progressista seguiu denunciando a desinformação presente no conteúdo dele do Nikolas, medidas institucionais para responsabilizar o deputado pela propagação de fake news e pânico social.
Influenciadores progressistas puxam campanha por “CPI do PIX”:
Páginas de fofoca também noticiam que o Ministério Público investigará o deputado, após a instituição ter sido acionada por um grupo de advogados.
Também há muitos comentários sobre o último pronunciamento do parlamentar:
Diante da crise, Lula formalizou a troca de comando da Secretaria de estratégia e Redes da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom). Mariah Queiroz da Costa Silva, a então responsável pelas redes sociais do prefeito do Recife, João Campos, assumirá o cargo no lugar de Brunna Rosa Alfaia.
Esse passo se mostra importante, diante das cobranças feitas à esquerda e ao governo para demonstrar uma comunicação e presença digital melhor.
Erika Hilton
No último final de semana, foi a vez da Deputada Federal Erika Hilton (PSOL-SP) responder ao vídeo do Nikolas. O seu reels já conta com cerca de 98.3 milhões de visualizações no Instagram e 2.3 milhões de curtidas. Desde a sua postagem , Erika ganhou cerca de 200 mil seguidores, um aumento de aproximadamente 6% da sua audiência nesta rede. No Twitter, Hilton obteve 28 milhões de visualizações, contra 8 milhões do Nikolas Ferreira.
A deputada também assumiu os trends no Twitter e é a segunda mais citada nas últimas 24 horas.
Fonte: Twitter Trending
O campo progressista, como de costume, reagiu com uma explosão de memes, para marcar a importância da sua fala e afirmando a escolha da Hilton como presidenta. Além disso, também afirmaram que a comunicação do governo precisa aprender com ela.
Já o campo conservador atacou a deputada, que acionou a Polícia Federal neste domingo (19) por ameaça de morte.
Foi comum também o uso do termo “fake” para depreciar a sua imagem de mulher.
Nota metodológica:
*Nomes monitorados: 20 mulheres conservadoras que ocupam algum cargo político ou tem alguma relação com a política institucional. 35 nomes de parlamentares conservadores da legislatura atual com maior audiência digital, sem distinção de gênero.
Fonte: Comscore.
Termos: pix OR taxar OR taxação
Período: 01.01.25 - 17.01.25
RADAR BRIEF
Toda semana, reunimos dicas, estudos e reportagens sobre temas quentes e pautas que estão moldando o debate público. Aqui, você encontra o que precisa saber para se manter por dentro do assunto.
Refugiados do TikTok
Com a ameaça de banimento do TikTok nos Estados Unidos, americanos migraram em peso para o RedNote, ou Xiaohongshu, um aplicativo chinês que mistura vídeos curtos com análises de produtos e conteúdos de estilo de vida, lembrando uma fusão entre TikTok e Pinterest. A hashtag #TikTokRefugee (ou Refugiado do TikTok) acumulou mais de 100 milhões de visualizações na nova plataforma, e aplicativo foi o mais baixado nos EUA nos últimos dias. O Globo
Reviravolta no Banimento
Mas o bloqueio do TikTok durou pouco. Ontem mesmo (19), a plataforma voltou a operar nos Estados Unidos, com um comunicado polêmico agradecendo ao presidente eleito Donald Trump – que garantiu que os provedores da plataforma não enfrentariam penalidades. Trump ainda sinalizou que pretende adiar a proibição após sua posse nesta segunda-feira (20). Nexo